quinta-feira, novembro 18, 2004

Dili by night

Como fiquei esse ultimo final de semana por aqui na capital, vou escrever sobre as noitadas, que apesar de não serem tão animadas quanto as do Brasil, dão pra quebrar o galho. São diversos estrangeiros que vieram trabalhar em ONGs e na ONU e como qualquer mortal de qualquer lugar do mundo, ninguém agüenta ficar em casa no final de semana. Sexta rolou uma baladinha na casa de um Australiano. E como ele esta dando uns beijos na garota que esta fazendo o documentário comigo resolveu também me convidar. Levamos uma caixa de cerveja e ele providenciou algumas garrafas de vodka e limões para que fizesse a tão comentada e pouco conhecida caipirinha. Papo animado, bebida a vontade, gente dos quatro cantos do mundo: Serra Leoa, Brasil, Portugal, Austrália, China, Noruega, Ilhas Fiji, Timor Leste...Mais uma frase que ouvi nesta noite e que talvez mostre como anda evoluindo, embora que devagar, a vida social econômica por aqui. Um outro Australiano que esta aqui desde 2000 me disse que quando ele chegou no Timor Leste as pessoas o abordavam e diziam que tinham fome e hoje quatro anos depois elas dizem que não tem dinheiro e quem sabe daqui alguns anos elas digam que estão endividadas e não sabem como se resolver. Como quem cozinha é sempre aquele que mais come pois esta sempre a experimentar, quem também prepara as bebidas acaba sendo também aquele que mais bebe. Pela primeira vez chapei o coco, fui parar num bar que tinha meia dúzia de gatos pingados, entre eles o embaixador do Brasil também pra lá de Bagdá.
Acordei numa puta ressaca, atrapalhado e as 8 da manha depois de duas horas de sono fui numa conferencia sobre o Mosteiro de Soibada onde no próximo final de semana será celebrado o seu centenário. Roubada total, a abertura foi em português com o Bispo de Baucau e o Padre Martins e o resto em Tétum. Valeu apenas pelos contatos que consegui lá. Telefones celulares de ministros, padres, enfim pessoas que podem render ótimas entrevistas. Detalhe fui a convite do relator da constituinte do Timor Leste e ele é do partido da oposição, sendo o deputado que mais mete o pau no governo. Chegamos juntos, o cara todo empolgado me apresentando pra um monte de gente e eu num puta enjôo, mal estar, sono e suando em bicas pelo calor que fazia já aquela hora da manhã. Fiquei até a hora do almoço, recusei um lanchinho que me foi oferecido, me despedi e resolvi dar uma volta a pé por um mercado que se localizava lá perto, para ver se encontrava uma coca-cola. Lugar interessantíssimo, camelos vendendo sapatos usados e bem detonados, roupas desbotadas e manchadas de sangue, produtos de higiene pessoal (escova de dente, sabonete, shampoos,...) vindos da indonésia e com a validade vencida e por incrível que pareça frangos da Sadia, embaladas para exportação em caixas de papelão escritas em árabe e inglês e em letras garrafais lia-se a frase: Product from Brazil. O cara com uma barraquinha num puta sol de rachar e os frangos la, cozinhando no calor, todos foras da caixa, sendo exibido para aqueles que passavam. Pena que o cara não falava português e meu tétum é fraquíssimo, serve apenas para pegar táxi e perguntar o preço das coisas.
Dormi o resto da tarde e a noite fui numa festa num hotel/restaurante/café anos 80. Sensacional, musicas e pessoas conhecidas e pra variar fui parar com os portugas num lugar chamado Poy Cholour. Uma danceteria after hour freqüentada por timorenses meio barra pesada, putas e poucos estrangeiros notívagos que estavam na festa anterior. Fomos com umas professoras que conheci em Los Palos na ultima viagem. O som era um eletrônico fim de linha, nem sei classificar, talvez um house, onde apareciam algumas versões de musicas conhecidas com um bate estaca horrível. Mas pela falta de opção todos estavam a dançar sem parar...
Domingo fui mergulhar numa praia proxima a Manatutu..O fundo do mar daqui é maravilhoso. Sem comentários...