quinta-feira, novembro 18, 2004

Cotidiano na Asia

Hoje vou escrever sobre meu cotidiano em Dili. Resolvi fazer em tópicos.

Acomodação: Moro num lugar chamado Dili Accomodations em frente a Pertamina Pantai Kalapa, ou seja, de uma distribuidora de combustível na praia dos coqueiros. São nove containers distribuídos numa área administrada por um escocês, que cresceu na Nova Zelândia, morou anos na Austrália e todo fim de tarde ele não consegue parar em pé de tão bêbado que esta. O cara eh bem gente fina e mora no Timor Leste desde 2000. Assim que as tropas da ONU chegaram no país estava tudo destruído por aqui. As milícias queimaram e saquearam tudo. Assim as Nações Unidas se instalaram em containers adaptados para escritórios e seus funcionários dormiam num barco que veio de Cingapura e ainda hoje funciona como Hotel e tem a melhor balada de sábado. Ele esta atracado num píer próximo do centro. Os container perderam a sua função assim que diversas instalações foram reconstruídas e a partir daí ganharam uma outra. Vários estrangeiros compraram alguns desses containers (valor USD2.000,00/ cada) e os adaptaram para funcionarem como quartos. Claro, todos possuem ar condicionado, pré-requisito básico para conseguir sobreviver dentro de uma caixa de ferro num calor de 40 graus.

Aulas: Eu estou com três turmas, onde dou duas aulas por semana com duração de 1h30 cada. Duas turmas no Centro Juvenil Padre Antonio, uma entidade mantida pelos padres Jesuítas que visa trabalhar com jovens para que eles evitem os grupos de artes marciais. Lá, alem do português eles tem aulas de musica, dança, computação e claro religião. A outra turma acontece no Ministério da Educação. Nós estimulamos o uso da língua portuguesa através da musica brasileira. Aqui no Timor Leste somente as pessoas que freqüentaram a escola antes de 1974 é que falam bem o português. Os jovens do CJPAV no inicio falavam em português com muita dificuldade, mas é impressionante a evolução deles em apenas três meses. Os moleques são muito bons. Mas melhor são as atividades extra classe: festas de casamento, viagens organizadas pela Universidade, domingo inteiros na praia com direito a roda de violão e tudo. Todas elas sempre com a presença dos alunos, o que aumenta a nossa convivência e nos permite uma possibilidade de troca muito grande. Quando voltar pro Brasil vou sentir saudade de muitos deles.

Musica Brasileira: Casamentos, nas rádios, dentro do táxi, nas lojas do centro onde as caixas de som ficam altíssimas. A musica brasileira esta presente em todo lugar. Bobeou entre uma musica americana, uma em tétum e outra em bahasa indonésio aparece a nossa musica. Os sucessos aqui são: Pense em Mim, Um sonhador, Quero colo (ou algum outro titulo semelhante), outras do Leandro e Leonardo, Xote da Alegria, Morango do Nordeste, Padre Zezinho, Sandy e Jr., Quando, Jesus Cristo e varias outras do Roberto Carlos. Nas nossas aulas alem de trabalhar com esse repertorio que eles já conhecem apresentamos também outras coisas como Gil, Caetano, Chico, Toquinho e outras cositas mas. E muito engraçado ver aqueles alunos já marmanjos, meio mal encarados, que so andam de preto, calças rasgadas e lenços na cabeça cantando de cor a letra de Era uma vez de Sandy e Jr. Essas musicas se difundiram através do primeiro batalhão do exercito brasileiro que chegou aqui em 2000 e veio de Recife. Eles trouxeram muitos Cds, as musicas foram pirateadas e no centro você encontra coletâneas de musica brasileira com o título Songs from Portugal.

Táxis: pior do que NY. Existe um táxi para cada 30 pessoas. Eles estão por todas as partes e quando vêem um malai sempre buzinam. Conclusão: você sai a pé e desencana do barulho das buzinas. O foda é que as vezes enche o saco. Como não há taxímetro cada corrida custa USD 1,00 de dia e USD 2,00 a noite. A maioria dos motoristas de táxi não falam português nem inglês e mal conhecem a cidade em que conduzem, fato essencial para tal profissão já que aqui as ruas não tem nome nem as casas tem numero. A localização se da por referencias:”Vou para tal lugar, que fica perto do Ministério tal, ao lado do restaurante tal...”. Essa enxurrada de carros se deu por conta de um financiamento que a Caixa Geral de Depósitos abriu para a população. Os carros, que são refugos de Jacarta e Cingapura já que todos estão acima dos 180.000 Km rodados, custam em torno de USD 4.000,00 e as parcelas saem por USD 200,00 ao mês. Todos eles são decorados de uma forma kitsch, com pôster de ídolo tirados de revistas, mil badulaques pendurados no retrovisor, alguns tem o estofado de oncinha e sempre tudo muito colorido. Vale lembrar, só não entendi o porque, que os timorenses dirigem a 40 Km/hora na quarta marcha.

CD e DVD: Em Colmera, uns dos bairros de Dili, você encontra de tudo: artigos eletrônicos, roupas, celulares, aparelhos de ar-condicionado e principalmente CDs e DVDs, muitas vezes isso tudo numa mesma loja. As mídias são sempre piratas (impossível achar original) e custam USD 1,00 (CD) e USD 2,50 (DVD).
Ultimamente nossa diversão tem sido ficar assistindo filmes, já que um dos brasileiros do grupo comprou um DVD player. E como não existe mais cinema por aqui, eu estou adorando. Aqui a maioria dos títulos são aqueles blockbuster americanos ou filmes indianos de bollywood, mas se você procurar bem acaba achando algumas coisas interessantes. Nas nossas sessões noturnas, com varias pessoas amontoadas dentro de um container, já vi: 21 gramas, Holocausto Canibal, O céu que nos protege, Kill Bill 1e2, Monster, Pulp Fiction e acreditem Abril Despedaçado, Carandiru e Cidade de Deus, todos comprados aqui.

Briga de Galo. Para os timorenses não é briga e sim um jogo, onde rola muito dinheiro. Nos mercados diariamente você vê aglomerações e no meio um pequeno cercado onde os galos se enfrentam. As apostas mínimas giram em torno de USD 10,00, mas entre os chineses a coisa é diferente. O jogo de galo, na comunidade sino-timorense acontece a noite, você só entra se for convidado e as apostas mínimas são de USD 1.000,00. Isso mostra que o comercio em Dili que esta quase tudo na mão de chineses, geram negócios extremamente lucrativo. Os galos tem em suas patas esporas afiadíssimas amarradas e assim a morte de um deles é certa. Obviamente perde aquele que morrer primeiro.

Prostitutas: É tudo muito discreto. Existem algumas casas de massagens gerenciadas por chineses onde se lê “only massage”. Algumas Filipinas que estão aqui desde a época em que existiam mais de 2000 milicos de diversos paises para garantir a paz no Timor Leste, freqüentam os bares, hotéis e baladas atrás de algum trocado já que foi-se o tempo das vacas gordas. E os taxistas que fazem rondas noturnas com algumas timorenses a bordo na busca de possíveis clientes. Vale contar uma historia que aconteceu comigo:

Depois de jantar com a galera no melhor hotel daqui, a convite do alto escalão do exercito brasileiro, junto com tenente coronel, major, capitão e médicos resolvi ficar mais um pouco no hotel e navegar pela internet. Na volta peguei um taxi com um motorista e uma menina ao seu lado, que achei que fosse sua namorada. Vale a pena reproduzir o dialogo aqui. Como o taxi me pegou na porta do hotel o motorista me perguntou logo de cara, num português macarrônico:
- Tropa?
- Não, professor...
- Kolia Tetum?
- Não, só português e inglês. Você fala uma dessas línguas?
- No. Bahasa indonésio e tetum.
No rádio tocava uma musica brasileira.
- Musica sertaneja. Conhece? Eu perguntei.
Ele aumentou o volume. Ao chegar no nosso alojamento ele acendeu uma luz azul dentro do carro. Alias, o carro era bem enfeitado, kistch, parecia que havia saído de um filme de Almodovar. Era uma salada mista de elementos religiosos, tipo adesivos e santinhos com bonecos de gatos tipo hello kit e outras cositas asiáticas colados no vidro do carro. Paguei a corrida.
O motorista virou pra trás para pegar o dinheiro, abriu um sorrisão, apontou para a menina do seu lado e disse:
- Amor
- Sua namorada? Perguntei
- Não
- Esposa?
- Não. Taka Taka? – perguntou o motorista
- Oi. Acho que não entendi...- respondi
- Voce quer taka taka ela?
- Não. Obrigadu Barak. Ate a proxima. Boa noite...
Saí do carro e fui dormir imaginando se ele era cafetão ou se estava na pendura e ofereceu a irmã, a namorada, a prima, sei lá.....esse país tem dessas coisas.


Oil Gap – Um dos grandes problemas do Timor Leste, que é considerado uma das 20 maiores bacias petrolíferas do mundo. A Austrália não quer reconhecer a fronteira marítima determinada pela ONU para o Timor Leste alegando que a fronteira não seria traçada num ponto eqüidistante entre os dois países, mas sim com base na plataforma continental. E como a plataforma continental da Austrália avança pelo mar do Timor ela alega que aquilo ali lhe pertence, retirando assim 4 bilhões de dólares americanos por ano em petróleo.Com essa grana o país conseguiria se manter tranqüilamente e não dependeria mais de doadores internacionais. Já ocorreram diversas reuniões entre autoridades australianas e timorenses mas nada de muito concreto foi decidido. Dizem que alguns políticos timorenses tem interesse em que a situação continue como esta já que recebem da Austrália uma grana por fora, para assim empacarem as negociações.

Timor Leste e EUA – 07 indícios demonstram o interesse dos americanos nessa ilhota.
1. Conversando com o Tenente Coronel do Exercito Brasileiro ele me disse que visitou um porta aviões americano ancorado em Atauro (uma ilha que localizada na frente de Dili a 4hs de barco). Eu perguntei o que ele fazia aqui e ele não soube me responder.
2. Entre Atauro e Timor Leste existe uma fossa abissal de mais de 2.000 metros de profundidade. Um outro militar me disse que essa profundidade é perfeita para a circulação de submarino.
3. Há meses atrás um amigo me disse que viu um submarino numa viagem de final de semana para Atauro. E como não existem submarinos civis, a historia começa a fazer sentido
4. A Embaixada Americana é a maior de todas aqui. O terreno dela é enorme, esta localizada de frente para a praia e dizem que eles pagam USD 7.000,00 por mês para o governo timorense pelo aluguel do espaço
5. Os contratos de diversas bases americanas em ilhas do Pacífico, que foram firmados principalmente na época da Segunda Guerra Mundial, estão vencendo e o governo norte americano não consegue renova-los
6. Soma-se a isso a posição estratégica do Timor Leste, que se localiza entre a Austrália – filha querida dos EUA – e entre a Indonésia, país com o maior número de mulçumanos no mundo. E ainda, o Timor Leste esta próximo da China, que em breve pode se transformar numa grande potência
7. O Bush venceu as eleições...

Essa semana passei por alguns sustos. O ônibus que nos levava para um passeio nas montanhas organizado pela faculdade teve problemas e o radiador que fica dentro do carro estourou voando agua quente para todos os lados. Foi um pânico geral, a galera timorenses e brasileiros correram para o fundo do ônibus achando que ia pegar fogo e todos saltaram pela janela. Algumas pequenas escoriações por conta da queda e leves queimaduras, mas nada de mais grave. Quando eu abri a janela e fui saltar uma filha da puta de uma brasileira apavorada me empurrou. Eu tentei voltar e me agarrei de lado na janela pra não cair de cara no chão. E ai ela me empurrou de novo e ai cai de lado pra fora do busão. Cortei minha canela e estou ainda com uma puta dor nas costas. Mas nada que alguns dias não resolvam....Na quarta a noite depois de passar pela internet fui tomar uma cerveja com um amigo num bar. Rolou uma confusão entre a dona, o segurança e alguns timorenses embriagados e um deles puxou um revolver. Fui uma puta correria porque todos acharam que ele iria disparar. Passado o susto perguntei a dona se ela não iria chamar a policia e ela disse que eles eram da policia. Na sexta feira, parece piada, mas terra tremeu por aqui. Como eu passei mal a noite, estava com uma diarréia forte, consegui dormi apenas as 5 da manha. As 6h30 acordei com tudo chacoalhando. Pensei “puta que pariu, estou realmente mal” ate que meu companheiro de quarto gritou “terremoto! Vamos sair daqui!!!”. Saímos correndo do container. Lá fora alguns brasileiros estavam juntos assustados. Eu ainda grogue via o muro tremer como se fosse uma folha de papel. Um brasileiro saiu correndo do banheiro com as calças na mão. Outros acordaram putos achando que alguém estava balançando os beliches. A porra durou uns 02 minutos mas que pareceram muito mais. Depois de 1h um outro tremor mais leve voltou a aconteceu. Apesar do susto, não foi registrada nenhuma ocorrência em Dili. O epicentro aconteceu em Alors, uma ilha da Indonésia localizada há 100 km daqui. O tremor que foi de 7.3 na escala richter matou 16 pessoas e centenas ficaram feridas. Como tudo é imprevisível por aqui, sábado a convite da Universidade Nacional do Timor Leste fui com o grupo de brasileiros jogar bola na residência do presidente Xanana Gusmão. Montamos nosso time e a equipe adversária foi formada por funcionários e amigos do presidente e no gol, adivinha quem, o próprio Xanana. Perdemos por 06 a 04. Depois finalmente consegui entrevistar o presidente para o documentário e como a imprevisibilidade reina por aqui, o ônibus que ia nos buscar atrasou e ficamos, nós os 18 brasileiros, a coordenadora do grupo, o reitor da Universidade e o embaixador do Brasil, sentados na varanda da casa do homem, por duas horas, ouvindo suas historias sobre a vida no tempo da guerrilha, do período em que passou na prisão, das dificuldades em reconstruir um país e do futuro esperado para esta jovem nação.



Caminhos para Jaco

Esse final de semana foi feriado aqui, como em qualquer outro país católico. Dia de Finados. Me lancei para o local onde dizem ser o lugar mais bonito do Timor Leste e realmente é. Fui com alguns amigos com os transportes locais até chegar na ilha de Jaco no extremo leste do Timor. Os ônibus aqui saem na hora que eles bem entendem da rotatória próxima do estádio de futebol e como cada ônibus é de um dono eles se dão ao luxo de fazer o que bem entendem do transporte. Pegamos o carro as 11 horas do domingo depois de passar sábado o dia todo atrás de transporte. O microônibus roxo e azul, chamado Dois Irmãos, rodou por duas horas em Dili atrás de passageiros ate realmente cair na estrada. E o calor do era infernal, duas horas de tédio vendo ele se encher de caixas, malas, se abarrotando de pessoas onde inclusive muitas foram de pé. Essa semana eu não andei muito bem, enjoado, meio febril, cansado, sei lá, coisas que muitos de nós já sentimos por aqui.
A primeira parada aconteceu depois de 4 horas num lugar desértico onde vendiam em cabanas de sape na beira da estrada chá, peixe frito no espeto, catupa (bolinhos de arroz com leite de coco embrulhado na palha) e tuamuti (fermentado de palmeira que tem um gosto horrível). Optei por um pão com queijo que havia trazido na mochila. A viagem cheia de curvas, o calor, a água quente do cantil e o sanduíche me deixaram embrulhado e uma leve caminhada entre as cabras que pastavam na outra margem da estrada fez com que me sentisse melhor. Depois de 6 horas de bumba chegamos em Los Palos. Logo em seguida conseguimos fechar com o motorista de uma Anguna (uma espécie de caminhãozinho) para nos levar para Tutuala. Mais duas horas, só que dessa vez mais agradáveis na boleia, com o vento batendo no rosto e assistindo o entardecer. Detalhe: conforme a vontade do motorista fomos ouvindo Leandro e Leonardo, talvez um dos grupos que mais fazem sucesso por aqui.
Ai chegou a parte mais punk. Enfrentamos 8 km de caminhada com mochilas onde carregávamos cada um 6 litros de agua mineral, panelas, comida, esteira de praia, taz (uma espécie de pano colorido local que serve como um ótimo cobertor), câmera de vídeo, fitas, canivete, protetor solar, repelente, mascara de mergulho, snorkel, uma bermuda e duas camisetas. Deixamos Tutuala as 21hs e na companhia de três locais nos metemos na estrada rumo a praia para no dia seguinte chegar a Jaco. No meio do caminho bateu a insegurança: e se estivéssemos na estrada errada? E se fossem ladrões apesar de ser raro por aqui ? E se fizessem parte de grupos de artes marciais? Essa era a minha principal preocupação já que um deles estava com uma camiseta com a bandeira da Coréia do Sul e escrito Taekondo.

Um desses dias fui para Moliana na base das forças de paz da ONU na fronteira com o Timor, junto com um major do exercito brasileiro. La eles disseram que os principais problemas do Timor Leste são: Contrabando de mercadorias, falsificação de dinheiro, os Grupos Politicamente Motivados entre eles a Sagrada Família do L7, ex-guerrilheiro da resistência, muito respeitado no país. Cornélio da Gama, ou apenas L7 (nome de guerra) fundou a seita Sagrada Família que mistura tradições católicas com rituais animistas e possui hoje mais de 20.000 pessoas filiadas com carteirinha e tudo. Ele se sente abandonado pelo governo já que foi comandante da Falintil na época da ocupação, lutou décadas pelo país e teve os dedos das mãos mutilados por uma granada. Ele assim como outros ex-combatentes que não fazem parte deste governo podem ser uma ameaça para a tranqüilidade do país após a retirada da ONU em maio de 2005. Outro problema são os Grupos de Artes Marciais. Eles treinam regularmente, são formados por jovens desempregados (emprego é uma coisa rara por aqui) e muitas vezes são contratados como jagunços para resolver problemas entre famílias.

Depois de dois quartos de hora andando tentamos desbaratinar e dissemos que não queríamos incomoda-los, que realmente eles não precisavam nos seguir e que seria melhor marcarmos de nos encontrar no dia seguinte em Tutuala com um violão, algumas garrafas de tuasabu (destilado de palmeira) para ensinarmos musica brasileira. Eles insistiram em nos acompanhar. Puxei uma musica e cantamos juntos Pense em Mim e Um Sonhador da dupla mais famosa do Timor Leste. Eles cantaram, perguntaram sobre a letra da musica, o que significava e tal, falamos sobre as semelhanças sobre Brasil e Timor Leste, da pobreza que existe em nosso país, da origem da maioria dos jogadores de futebol, da dupla Leandro e Leonardo e que se ilude quem pensa que todo malai é rico, porque os brasileiros vivem tão ou mais problemas que os timorenses. Eles ficaram felizes em saber disso, disseram que nos esperariam no dia seguinte depois da missa (?!) e que se seguíssemos por aquela estrada chegaríamos sem problemas na praia. Passado o susto rumamos para o litoral que só conseguimos atingir as 1hs e 30 da madrugada. Lua cheia, fogueira pra esquentar o supermi (vulgo miojo), esteiras jogadas na areia e logo em seguida minha carcaça estava lá, estirada no extremo leste da ilha do Timor, onde dormi como uma criança.

Timur em bahasa indonésio quer dizer leste. Lorosae de Timor Lorosae, nome oficial do país, quer dizer ao pe da letra terra onde o sol nasce, que traduzindo quer dizer também leste. Então o nome deste país é um pleonasmo. Acordei cedo e vi a ultima estrela do céu rosa grená junto com o sol que nascia no leste do leste do país do leste. E na minha frente um mar azul e transparente e logo a diante a ilhota de Jaco. Mas minha barriga me pregou um susto. Uma diarréia me pegou de jeito, toda a beleza e a poesia do lugar se foi por instantes ate que surgiu um comprimido indonésio chamado Diapet que tomei as escuras, sem saber direito pra que era, só querendo me livrar daquele indesejável mal estar.

Atravessamos de canoa com os pescadores, mais dez minutos e finalmente chegamos no nosso destino final: a tão aguardada Ilha de Jaco. Como disse um amigo, aquele mar é um abuso de tão bonito. Azul, azul, azul....límpido, cristalino, transparente, visibilidade absurda. E a fauna? Nem se fala. Foi só colocar a cara dentro d’água e atravessei um cardume de peixes. Em cada coral peixes dos mais variados tipos, de diversos tamanhos e das mais variadas cores. Era como se nadasse num aquário.

E como diz o poema Itaca que o que vale não é a chegada e sim a viagem e todo o seu processo, posso dizer que foi uma experiência fascinante de descobertas tanto interior quanto exterior. Conheci pessoas notáveis com historias surpreendentes, generosas, hospitaleiras que não caberiam neste email. Pedros, Marias, Joãos, Lourdes, em cada nome familiar uma pequena historia que reflete na historia do país. Pescadores que serviram na resistência, padres que celebram missas literalmente no meio do mato, pessoas que passam a tarde no cemitério por causa do dia de finados, jovens rebeldes que vão à missa, motorista de ônibus que para o carro as 9 da noite no meio do nada para deixar flores e velas num tumulo de um parente na beira da estrada, cachorro de pescador com nome de um chefe da milícia indonésia...

A volta foi um parto. Mandamos as malas com um casal de australianos que apareceram de jipe por la e pedimos para eles deixarem na policia e subimos para Tutuala com os pescadores. Atravessamos durante a noite por vilarejos onde jovens nos olhavam e sempre que passavam diziam com uma entonação de espanto: malai! Eles estavam lá esperando pela primeira missa que iria ser celebrada naquela região. Pegamos as mochilas na policia de Tutuala e dormimos na casa da irmã do policial. Logo de manha um dos brasileiros que estava viajando junto passou mal, teve uma puta cólica e não conseguíamos sair de lá por que era dia de finados e as pessoas que faziam essa linha entre Tutuala e Los Palos não trabalhavam. Conseguimos um carro as 11hs da manha, pagamos apenas a gasolina, almoçamos em Los Palos, tomei meu primeiro banho de água doce desde que sai de Dili e embarcamos no ônibus chamado Cavalo Branco (isso mesmo, escrito na lateral do carro em portugues) para a capital onde chegamos as 23hs.

No próximo email vou escrever sobre as aulas, as musicas brasileiras que tocam em todos os lugares, os táxis que buzinam sem parar quando vêem um malai, as brigas de galos, os mercados que vendem DVDs piratas, o container que eu moro, o campeonato de futebol que começou semana passada, a prostituição em Dili, o problema que o Timor Leste tem com a Austrália em relação ao petróleo e o interesse americano nessa região que deve se intensificar com a vitória do Bush.

Centenario de Soibada

Cheguei ontem de Soibada, um vilarejo no interior da ilha, localizado num vale cercado por cinco montanhas, uma regiao sagrada onde a Igreja Catolica resolveu construir um mosteiro ha exatos cem anos atras. Se eles conseguissem conquistar a atencao dos liurais (chefes das familias sagradas), conseguiriam atrair a atencao do resto da populacao. E nao deu outra, o imponente mosteiro instalado num lugar que ainda hoje eh dificil de chegar por conta da pessima condicao das estradas (se eh que podemos chamar aquilo de estrada) formou toda a elite dominante do Timor Leste.
Eu estive em Soibada ha mais de um mes atras, num bate e volta maluco que durou mais de 12 horas, mas dessa vez foi diferente. Viajei com duas amigas brasileiras, a convite de um casal timorense, para a celebracao do centenario do mosteiro. Foi demais! Passamos tres noites, num convento das irmas Dominicanas numa casinha, tipo chale, construido entre uma pocilga e um galinheiro. Vivi uma realidade que ha quase dois meses aqui ainda nao experiementara, conhecendo mais intensamente o modo de vida e de pensar de uma familia daqui. No quarto dormiu a dona Maria e a sua filha de 11 anos e as duas brasileiras. Na sala dormiu eu e o seu Miguel numas esteiras de praia esticadas no chao. De dia fazia um calor de rachar e a noite um puta frio, mas nada que uma pinguinha de palmeira feita naquela região não resolvesse. Cozinhávamos na varanda o suprimento que levamos: latarias, super mi (miojo), arroz, batatas e caixas de agua mineral. O casal pensou em tudo: fogareiro, galoes enormes para pegar agua numa ribeira próxima, baldes, talheres, copos e pratos. O banho era feito de caneca e as necessidades naquelas privadas em que você tem que ficar de cócoras. Não ha nenhuma infraestrutura na cidade para receber visitantes, ou seja, nao ha pousadas, nem restaurantes. Encontramos com alguns alunos nossos que estavam acampados com uma galera num terrenão . E todos que estavam la ou estavam instalados em locais da igreja católica ou na casa de parentes ou ainda acampados.
Na sexta depois de nadar na ribeira e voltar na caçamba do carro do seu Miguel segurando os galões d’água, fui gravar algumas imagens na vila. Estava imundo, de bermuda úmida e boné. Do alto do convento vejo uma pessoa cercada por seguranças cumprimentando todo mundo. Desço para sacar melhor o que estava acontecendo e percebo que aquela pessoa era nada mais nada menos o ex-guerrilheiro, poeta, pintor, fotografo e hoje presidente da Republica do Timor Leste, Jose Alexandre, codinome Kay Rala Xanana Gusmão.
Começo a gravar, ele estava cercado por autoridades locais, alguns padres, o bispo D. Basílio de Baucau e D. Ricardo de Díli. O presidente cumprimenta varias pessoas que estavam ao redor e me da a mão. Digo meio sem graça:
- Boa tarde, presidente. Muito prazer em conhece-lo.
- Só estava esperando você falar alguma coisa para saber de onde era. Já vi que é brasileiro. O que fazes por aqui?
E ai contei rapidamente sobre o projeto que participava, ate que outras pessoas se aproximaram para falar com ele. Depois o bispo de Baucau me cumprimentou também, pois já nos conhecíamos de uma gravação que rolou na semana anterior e me convidou para segui-los ate a casa episcopal para tomar um café. E lá fui eu, de bermuda, boné e ainda meio molhado do rio tomar café com a comitiva e o presidente.
Umas 15 pessoas em torno da mesa, bolinho, rocambole, bolachas, café, leite e chá. Xanana Gusmão me pergunta de que região do Brasil eu era e começamos a conversar. Fiquei impressionado com sua simplicidade e seu carisma. Afinal, ele foi uma pessoa que aprendi a admirar desde que cheguei aqui. Durante as entrevistas que realizei para o documentário, todos foram unânimes quando falaram do presidente, da sua força, determinação e luta em prol da independência do Timor Leste. E imagina: um cara guerrilheiro, poeta, pintor e fotografo...aparentemente um paradoxo, mas um livro dele de pinturas e poesias chamado “Mar Meu” mostra que o cara tem o dom também para as artes.
No dia seguinte as 23hs subi ate o Santuário localizado há 2 km da cidade para assistir a missa dedicada a Força de Defesa do Timor Leste. Os milicos com armas 9 mm na cintura, alguns que carregavam sub metralhadoras nas costas acompanhavam a missa de dentro da capela localizada no alto da montanha. A cena que mais me marcou foi quando eles comungaram: ver aqueles caras fardados e armados ate os dentes recebendo uma hóstia do padre não é uma coisa muito usual e que a gente vê todos os dias.
A Igreja Católica sempre exerceu um papel muito importante para a Independência do Timor. Alguns padres se relacionava muito bem com as forças de resistência, inclusive alguns deles serviam de ponte com o exterior levando papeis, cartas e documentos para serem publicados e alertando assim a comunidade internacional sobre os massacres que ocorriam no país. Alguns padres levaram escondidos ate transmissores de rádios para o pessoal da resistência. O bispo D. Basílio (aquele que me convidou para tomar café com o presidente), quando ficou sabendo que as milícias da Indonésia estavam queimando todo o Timor Leste, em 1999 durante o período da desocupação, mandou comprar com o dinheiro da Igreja toda a gasolina de Baucau. Assim quando eles chegaram lá não tinham combustível para queimar a cidade. Baucau é a única cidade intacta do Timor Leste que não foi queimada pelas milícias. Não há ruínas e todas as casas construídas no período colonial português estão preservadas.
No domingo acordei com uma puta ressaca depois de tomar duas cervejas vencidas (impressionante mas ate já desencanei dos prazos de validade) e matar a garrafa de daunloro (o tal destilado de palmeira da região) com o seu Miguel e fui me juntar com a procissão que havia acabado de sair. Estava andando com as duas brasileiras e encontramos com o Ministro do Interior, Rogério Lobato, que havia conhecido em Díli na Conferencia sobre o Mosteiro de Soibada que antecedeu em um final de semana a festa do centenário. Ele nos cumprimentou e disse que estava feliz em encontrar brasileiros naquela região, num momento tão especial para o país. Nisso um guarda da comitiva veio cochichar alguma coisa na minha orelha:
- A piscaleira. – murmurou o guarda
- O que? Respondi sem entender nada
- A piscaleira.
- O que?
Nisso todos que estavam conversando ficaram em silencio. Viramos o centro das atenções. E o guardinha insistiu:
- A sua piscaleira esta aberta.
Porra, era o meu zíper. Estava aberto e eu lá sem entender nada. Todo aquele estardalhaço todo por conta de uma braguilha aberta. Para quebrar aquele silencio sepulcral o ministro falou:
- Acho que a procissão já começou. Vale a pena apressar o passo.
E fomos atrás da multidão que caminhava para o Santuário no alto da colina.
Esse ministro da piscaleira esteve preso em Angola, no inicio da década de 80. Condenação: trafico de diamantes. Dizem que ele, que foi chefe da resistência, recebeu uma grana para ir para o exterior e descolar dinheiro para enviar um navio carregado de armas para os que lutavam pela independência do Timor Leste. O tal navio chegou a deixar o porto de Luanda, mas nunca aportou em terras timorenses. E depois disso ele foi preso tentando sair com alguns diamantes em direção a Portugal.
Depois da missa final que durou três horas e misturou elementos da cultura local, como danças tradicionais o que me rendeu ótimas imagens, comi ainda na casa episcopal, pra finalizar a viagem e fecha-la com chave de ouro, o bolo do centenário do Mosteiro de Soibada.

Dili by night

Como fiquei esse ultimo final de semana por aqui na capital, vou escrever sobre as noitadas, que apesar de não serem tão animadas quanto as do Brasil, dão pra quebrar o galho. São diversos estrangeiros que vieram trabalhar em ONGs e na ONU e como qualquer mortal de qualquer lugar do mundo, ninguém agüenta ficar em casa no final de semana. Sexta rolou uma baladinha na casa de um Australiano. E como ele esta dando uns beijos na garota que esta fazendo o documentário comigo resolveu também me convidar. Levamos uma caixa de cerveja e ele providenciou algumas garrafas de vodka e limões para que fizesse a tão comentada e pouco conhecida caipirinha. Papo animado, bebida a vontade, gente dos quatro cantos do mundo: Serra Leoa, Brasil, Portugal, Austrália, China, Noruega, Ilhas Fiji, Timor Leste...Mais uma frase que ouvi nesta noite e que talvez mostre como anda evoluindo, embora que devagar, a vida social econômica por aqui. Um outro Australiano que esta aqui desde 2000 me disse que quando ele chegou no Timor Leste as pessoas o abordavam e diziam que tinham fome e hoje quatro anos depois elas dizem que não tem dinheiro e quem sabe daqui alguns anos elas digam que estão endividadas e não sabem como se resolver. Como quem cozinha é sempre aquele que mais come pois esta sempre a experimentar, quem também prepara as bebidas acaba sendo também aquele que mais bebe. Pela primeira vez chapei o coco, fui parar num bar que tinha meia dúzia de gatos pingados, entre eles o embaixador do Brasil também pra lá de Bagdá.
Acordei numa puta ressaca, atrapalhado e as 8 da manha depois de duas horas de sono fui numa conferencia sobre o Mosteiro de Soibada onde no próximo final de semana será celebrado o seu centenário. Roubada total, a abertura foi em português com o Bispo de Baucau e o Padre Martins e o resto em Tétum. Valeu apenas pelos contatos que consegui lá. Telefones celulares de ministros, padres, enfim pessoas que podem render ótimas entrevistas. Detalhe fui a convite do relator da constituinte do Timor Leste e ele é do partido da oposição, sendo o deputado que mais mete o pau no governo. Chegamos juntos, o cara todo empolgado me apresentando pra um monte de gente e eu num puta enjôo, mal estar, sono e suando em bicas pelo calor que fazia já aquela hora da manhã. Fiquei até a hora do almoço, recusei um lanchinho que me foi oferecido, me despedi e resolvi dar uma volta a pé por um mercado que se localizava lá perto, para ver se encontrava uma coca-cola. Lugar interessantíssimo, camelos vendendo sapatos usados e bem detonados, roupas desbotadas e manchadas de sangue, produtos de higiene pessoal (escova de dente, sabonete, shampoos,...) vindos da indonésia e com a validade vencida e por incrível que pareça frangos da Sadia, embaladas para exportação em caixas de papelão escritas em árabe e inglês e em letras garrafais lia-se a frase: Product from Brazil. O cara com uma barraquinha num puta sol de rachar e os frangos la, cozinhando no calor, todos foras da caixa, sendo exibido para aqueles que passavam. Pena que o cara não falava português e meu tétum é fraquíssimo, serve apenas para pegar táxi e perguntar o preço das coisas.
Dormi o resto da tarde e a noite fui numa festa num hotel/restaurante/café anos 80. Sensacional, musicas e pessoas conhecidas e pra variar fui parar com os portugas num lugar chamado Poy Cholour. Uma danceteria after hour freqüentada por timorenses meio barra pesada, putas e poucos estrangeiros notívagos que estavam na festa anterior. Fomos com umas professoras que conheci em Los Palos na ultima viagem. O som era um eletrônico fim de linha, nem sei classificar, talvez um house, onde apareciam algumas versões de musicas conhecidas com um bate estaca horrível. Mas pela falta de opção todos estavam a dançar sem parar...
Domingo fui mergulhar numa praia proxima a Manatutu..O fundo do mar daqui é maravilhoso. Sem comentários...

Dili 40 graus

Aqui o calor aumenta, assim como os mosquitos, mas já estou ficando habituado. As vezes ate esqueço do tal repelente...O que por vezes me deixa meio encanado com as tais doenças tropicais, principalmente depois quando fico sabendo de algum conhecido que pegou malaria ou dengue. Fim de semana passado viajei de carona e em dois dias visitamos diversos lugares. Tripulantes: Marisol, medica espanhola, dona do carro; Pedro, timorense que pediu asilo político na embaixada da França em Jacarta no período da ocupação, Cipriano, timorense, motorista que conhece tudo por aqui, eu e um outro brasileiro que participa do mesmo projeto. Fomos para Baucau, Laga, Com, Los Palos e outras vilas que tenho anotado em algum lugar. A viagem me rendeu ótimas imagens e entrevistas: uma corrida de cavalos na praia de Com (coisa muito parecida com as vaquejadas do Maranhão), crianças colocando galos pra brigar (diversão mais apreciada por aqui), meninas ensaiando danças típicas, entrevista com um senhor que ajudou o presidente Xanana Gusmão quando ele era guerrilheiro e se feriu numa emboscada, outro ex-guerrilheiro da resistencia que fundou uma seita sagrada que mistura elementos da cultura animista do país (dizem que a tal seita possui atualmente 60.000 membros) e um atual comandante do exercito e que atualmente retirou cinco balas que estavam alojadas no seu corpo desde a década de 90, fruto de combates com as milícias da Indonésia. Dormimos em Los Palos numa pensão, que na frente era uma mercearia e no fundo os quartos. Jantar: frango frito (que pelo jeito devia ser do dia anterior de tão seco que estava) com um molho de tomate super apimentado e uma cumbuca de arroz. Banheiros: um buraco no chão para se fazer as necessidades e um tacho de água que com uma canequinha funcionava como descarga. Com a mesma canequinha você lavava as mãos e tomava banho. Quarto: camas com mosquiteiros furados. Mas depois de uma viagem super cansativa e só comendo bananas o dia inteiro, nada parecia incomodar.Tudo estava ótimo e super confortável.
Se você quiser voltar no tempo venha para o Timor Leste. As missas aos domingos são os momentos de encontro com os amigos e familiares, você apanha dos professores na escola com reguadas na mão e caso se comporte mal terá que se ajoelhar no milho, as meninas mestruadas ficam três dias sem lavar a cabeça e os namoros acontecem as escondidas porque caso uma das famílias descubra você provavelmente terá que agendar o casamento. Em regiões do interior como a de Los Palos onde dormi de sábado para domingo, os casamentos são arranjados entre famílias e o noivo tem que dar algumas dezenas de búfalos para a família da noiva.
E por falar em búfalo, uma professora de português que trabalha em Aileu me disse que uma de suas alunas desmaiou na sala. Ela pagou um táxi para a menina ir ao medico. Diagnostico: fome. Ele acompanhou a menina ate a sua casa e conversou com o pai dela explicando a situação. O pai disse que não poderia fazer nada pois passava muita dificuldade e que só tinha um búfalo. Ela perguntou porque ele não matava o animal e o preparava e ele respondeu que só tinha aquilo e que não poderia fazer nada. Passou-se uma semana e a menina não apareceu mais nas aulas. E ai chegou a noticia: a aluna falecera na noite anterior. No velório, como manda costume daqui, eles servem muita comida que é para abençoar o morto. E adivinhem qual o prato que foi servido? Carne de búfalo! O pai matou o búfalo para o velório da filha.
Aqui no Timor Leste, depois de um ano acontece o desluto. Um outro banquete é oferecido para os parentes e os familiares mais próximos possam voltar a levar uma vida mais normal, ou seja, sair do luto.
Essa semana uma lancha que fazia turismo próximo a ilha de Atauro, local bem em frente de Dili, ótimo para mergulhar, foi perseguido por um barco de guerra da Indonésia. A perseguição em águas timorenses durou algum tempo e causou um puta rebu diplomático. Mas pelo desenrolar da historia, o embaixador da Indonésia no Timor foi contactado e segundo as noticias do jornal em portugues, medidas cabíveis serão tomadas para que incidentes como esse não voltem a acontecer.